Sobrinho do Padre II

Em andanças por Lisboa, à descoberta de coisas novas que o poderiam fascinar, o Sobrinho do Padre, longe da trela e da apertada coleira que muitas vezes quase "nos" estrangulam, foi jantar comigo e com um grupo de desconhecidos (para ele).

Nesse jantar conseguiu cair em graça !!!

Houve alguém que rapidamente sentiu que poderiam estar próximos, que poderia nascer logo ali uma amizade que extravasasse a normal vida Hoteleira.

Foi uma noite calma, onde ele conseguiu passar entre a gotas frias da chuva sem sequer molhar o sobretudo, teve apenas um percalço com o fato.

Na 2ª noite, o nosso Sobrinho, já não compareceu à jantarada por ter que acompanhar a Senhora, esta também estava bem longe do cabresto !!!

Mas a mim foi-me logo perguntado:

- Onde está ele ??
- Mas ele hoje não vem ??
- Ele gostou tanto ontem !!!
- E mais tarde aparecerá ??

Ao que eu surpreendido respondi
-Claro que sim, encontraremos o nosso pombinho mais tarde.

Ai que bom foram as palavras que saíram daquela boca sequiosa...

Mais tarde, como prometido juntámos o grupo, num espaço que em tempos foi conhecido como Queens, seria um presságio pensei eu, quando a música de fundo começava a parecer uma melodia de amor estrábico !!

Quando nos separámos já a risota, a paródia, e o gozo fazia parte da noite, e eu então que nem gosto...

Mais tarde na mítica Kapital, num ambiente efervescente, com o suor a escorrer por todos os poros, em que o álcool já corria como nunca nessa noite, em que a luxuria já pairava como uma nuvem ameaçadora, voltámos a juntar o grupo que tinha sido separado como siameses em sofrimento.

Foi então que apesar da protecção da Senhora (endiabradissima, como seria de prever, numa noite de soltura !!!) o nosso Sobrinho e personagem principal deste enredo que poderia dar uma bela história de cordel, passou por uma enorme provação.

Entra em cena novamente o nosso outro passageiro, que já se encontrava feliz, dançando e rodopiando na pista como uma bailarina em plena premiere.

A certa altura e para gáudio e surpresa de quem assistia ao espectáculo, ele rodou como uma artista da dança do ventre, quase ajoelhando, com a mão e o dedo em riste, gritando, oooooooooohhhhhhhh Sobrinho !!!!!.

Após este momento de espectacularidade sensual, achei por bem afastar o nosso Sobrinho para o exterior onde em pleno terraço e com frio, como tem sido normal neste Janeiro rigoroso.
Neste espaço bonito e arrepiante ainda ele estava com calor, ligeiramente enrubescido e relatava com sofreguidão o que tinha acabado de acontecer !!!

Meu Deus dizia ele, como quem busca ajuda divina num momento de difícil e aparentemente constrangedora.

Foi de tal forma complicado que o seu final de noite foi perfeitamente desastrado.

Acho que ainda vou em futuro próximo arranjar forma de juntar os pombinhos, mais não seja para que como dizem os meus amigos, encher a barriguinha de tanto rir.