sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Impressões do 1º dia

Ao acordar no dia seguinte é que me dei conta do estado em que estava e de onde me encontrava correctamente.

Acorrentado e com as pernas ligadas sendo que a esquerda tinha 4 magnificos ferros espetados na carninha, comecei a tentar olhar á minha volta, o pouco que conseguia dado que não levantava mais do que a cabeça.
Tinha mais 5 colegas de enfermaria, o que mais próximo estava de mim, encontrava-se ligado á máquina e estava todo rebentado, era de idade e viria a falecer 3 dias mais tarde. Na cama a seguir (ao lado da janela) estava o grande Vitorino, que se viria a revelar um grande cromo, uma perfeita encomenda, será analisado mais á frente. Á sua frente estava Vasili um Ucraniano que segundo ele estava á 7 anos em Portugal mas que não falava quase nada de Português, dava-lhe jeito. A seu lado o amigo Carvalho, senhor dos seus 70 anos e que foi um dos responsáveis pela minha cabeça se ter limpo tão rapidamente, ao lado o Homem da Praia da Salema em Lagos, também da mesma idade e que estavam ambos pela mesma razão internados - proteses nas pernas.

Posso aqui acrescentar que os primeiros dias foram muito dificeis a todos os níveis e que como tal é o período de onde tenho menos memórias para contar, não só porque são muito negativas mas também porque são muito difusas e já longinquas.

Foi assim e nesta companhia que começou o calvário, ou como colegas disseram e levaram o caminho das passas do Algarve, e eu que nem gosto de passas.

Agora vou fazer o penso ao centro de Saúde que tal como grande parte do País está na miséria, nem pensos em condições tem, tive eu que comprar para levar, e a enfermeira é escura de pele, mas gira e boa......

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